Tribuna
Manuel Torres, CEO da RTS International Adjusters
Incêndios florestais: causas, medidas preventivas e seguro da perda de suas massas
16 de novembro de 2017
Os terríveis episódios de incêndios florestais ocorridos recentemente em Portugal e Espanha e que, infelizmente, apesar dos esforços dos meios de extinção disponíveis, fizeram vítimas mortais, implicam refletir sobre suas causas, a implementação de meios de prevenção e o seguro da perda de massas florestais produtivas.
No âmbito da publicação recente do Colégio Oficial Espanhol de Engenheiros Florestais sobre estes acontecimentos, e atendendo à colaboração solicitada neste sentido, apresentamos algumas reflexões sobre o assunto.
Reduzir o número e extensão dos incêndios
É evidente que a seca prolongada que sofremos conduziu a uma situação de pressão hídrica na vegetação, com maior vulnerabilidade face ao risco de incêndio. Esta situação também foi agravada, por vezes, pela presença de vento, com mais ou menos velocidade, quente e seco.
Tem vindo a ser colocada a hipótese em diferentes círculos da existência de máfias organizadas que provocam intencionalmente estes incêndios, embora até o momento não exista nenhuma demonstração a este respeito. A realidade é que não encontramos qualquer prova de lucro econômico derivado dos incêndios, como foi indicado em alguns mídia, nem qualquer benefício sobre a requalificação dos solos derivada da reforma do Artigo 50 da Lei espanhola Básica Florestal, cujo objetivo consiste em evitar a paralisação de infraestruturas públicas de interesse comum.
Por outro lado, a existência de monoculturas como o eucalipto, as plantações de pinheiros alóctones, etc., não são nem podem ser a causa dos incêndios; a vegetação é apenas o material combustível e o meio de propagação do incêndio. Por isso, devemos reconhecer que uma adequada gestão florestal reduz o risco de incêndio ao atuar sobre a composição das massas e sua distribuição, seu estado e sua compartimentação.
Uma adequada gestão florestal, a existência de meios de proteção como faixas corta-fogos e a conscientização da população para reduzir progressivamente até à eliminação do uso indiscriminado do fogo pelos pecuaristas, agricultores ou caçadores, é a única forma para reduzir o número e extensão dos incêndios florestais.
A importância do seguro das massas florestais
Agora, compreendemos que nesta equação, e para efeitos de mitigar o empobrecimento geral que ocorre com a perda de qualquer patrimônio, os proprietários de massas florestais precisam estar conscientes sobre o seguro das mesmas, visto que infelizmente constitui uma prática muito pouco difundida. Existem honrosas exceções de algumas associações ou grandes empresas produtoras e algumas áreas corticeiras ou azinhais destinados à produção de bolota para a engorda do porco ibérico.
O mercado de seguros deve analisar este mercado, pouco divulgado em nosso meio, visto que o seu estudo poderia despertar o interesse por sua contratação.